Kim Possible em live-action: o filme vale a pena?


Na noite do Ășltimo domingo (24) estrou na tela do Disney Channel Brasil o primeiro live-action de Kim Possible, baseado naquele maravilhoso desenho animado que passava nas manhĂŁs da TV Globinho. O filme traz Sadie Stanley no papel da protagonista e Sean Giombrone como o carismĂĄtico Ron Stoppable.

[O texto a seguir contĂ©m spoilers. Cabe a vocĂȘ decidir se vai continuar lendo]

Comecei o texto assim todo jornalĂ­stico porque nĂŁo sei bem o que achar do filme. Confesso que quando vi a primeira imagem divulgada eu fiquei bem ansioso para ver como os diretores Zach Lipovsky e Adam Stein conduziriam a produção. Mas um tempo depois divulgaram um vĂ­deo comparativo entre a abertura do filme e do desenho com a icĂŽnica mĂșsica que todo mundo sabe cantar atĂ© hoje! E quando eu vi aquilo, sĂł pensei: "Ah, nĂŁo..." 

A Disney estĂĄ numa fase infantilizada demais - vide A Casa da Raven. Se vocĂȘ comparar, por exemplo, As VisĂ”es da Raven com o novo spin-off, vai notar que a primeira sĂ©rie possui um tom mais maduro, feito para um pĂșblico adolescente e com piadas mais inteligentes, enquanto a continuação Ă© bem bobinha, com uma linguagem mais infantil. Senti a mesma coisa logo que começou Kim Possible. A heroĂ­na foi atrĂĄs de um vilĂŁo que estava criando um slime desintegrador!!! Meu Deus! A atuação dos personagens, principalmente dos antagonistas, ficou tĂŁo caricata que eu senti vergonha alheia. E logo nas primeiras cenas eu precisei jogar o Jogo do Contente: o filme Ă© adaptação de um desenho animado, entĂŁo faz parte que seja assim mais grotesco.


Infelizmente eu não lembro mais como era a Kim Possible da animação, mas nesse filme eu achei bem interessante o modo que a vida pessoal dela foi explorada. Eu mesmo não sabia (ou não lembrava) que a agente fosse reconhecida mundialmente. Na minha cabeça ela usava uma identidade secreta. Outra coisa que me pegou de surpresa foi a família Possible: todo mundo luta contra o mal. Fiquei passado! Tem também o cérebro do grupo que passa todas as coordenadas necessårias para Kim, o garoto Wade, que se formou na faculdade com 10 anos (amei que ele foi interpretado por Issac Ryan Brown, o Booker de A Casa da Raven).

TĂĄ, mas o que tem nesse filme, entĂŁo? Kim Ă© literalmente a melhor em tudo o que faz, porĂ©m, em seu primeiro dia de aula no Ensino MĂ©dio dĂĄ tudo errado: chega atrasada nas aulas (foi bem engraçado isso, por sinal), nĂŁo se enturma, nĂŁo consegue uma vaga no time de futebol... AtĂ© que ela faz amizade com Athena (Ciara Riley Wilson), uma garota toda estrupiada que estava passando por uns maus bocados tambĂ©m mas que foi acolhida por Kim e Ron, tornando-se parte do grupo. Aos poucos a garota foi mostrando suas habilidades e acabou se tornando uma agente, a convite da prĂłpria Kim Possible. 

A amizade do trio estava as mil maravilhas, mas Athena foi se mostrando tĂŁo obcecada pela heroĂ­na, que fazia tudo melhor que a mesma, tornando-se destaque na escola e nas missĂ”es. Em decorrĂȘncia disso, Kim passou a se sentir enciumada por estar fora da atenção de todos. E em meio a esse drama, tem a perseguição ao vilĂŁo Dr. Drakken (Todd Stashwick) que foi solto da prisĂŁo por sua parceira de crimes, a antipĂĄtica e carismĂĄtica vilĂŁ Shego (Taylor Ortega).

Durante quase metade do filme eu estava sentindo falta do Rufus, a toupeirinha do Ron. Mas durante uma missão eles acabam se conhecendo e tornando-se companheiros. E gente, que toupeira careca MAIS FOFA DESSE MUNDO! Aliås, o Ron é um fofo também, a atuação do Sean foi maravilhosa! Mas num geral, as cenas de lutas e acrobacias ficariam melhores se o uso de cabos não fosse tão perceptível (me senti assistindo Resident Evil - perdão Alice).

E antes do meu veredito final, preciso comentar sobre a maior decepção desse filme. Eu assisti dublado e estava tudo caminhando bem, atĂ© que começou a abertura. E para a minha surpresa... mudaram a letra traduzida! Eu tentava cantar junto mas alguns trechos ficaram diferentes (agora Ă© "Chama, liga, chama tua amiga!"). Poxa... o fator nostalgia foi bem prejudicado por conta disso. Mas novamente joguei o Jogo do Contente: nos crĂ©ditos do filme eu vi que a Direção Musical ficou a cargo de CidĂĄlia Castro (a voz cantada da Raven) e fiquei muito contente por vĂȘ-la ainda com um pezinho na Disney. Fada acessĂ­vel que inclusive comentou num vĂ­deo meu!

Sendo assim, apesar de nĂŁo ser uma produção no nĂ­vel dos live-actions de Cinderela e A Bela e a Fera, Kim Possible cumpre seu papel de heroĂ­na em carne e osso com um tom leve e divertido para ser apreciado por essa nova geração que anda carente de produçÔes infantis, principalmente na televisĂŁo aberta. AlĂ©m disso, o filme traz momentos de nostalgia (como um easter egg em referĂȘncia aos trajes usados na animação) para os fĂŁs mais velhos da ruivinha. É um filme para ser assistido e apreciado com o toque mĂĄgico da Disney. Nota: 07/10.

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