Minha chegada em Londres


Em junho deste ano eu consegui realizar meu sonho de visitar o Reino Unido. A princípio seria apenas para curtir o show das Spice Girls - o que seria ótimo (e foi!) - mas pelo alto custo da viagem, seria injusto comigo mesmo investir o que não tenho para não receber nada em retorno além de boas lembranças. Por isso, decidi fazer um intercâmbio e aprimorar o meu inglês na Terra da Rainha.

Tudo começou em novembro de 2018 quando uma das maiores girlbands do mundo anunciou seu retorno: Spice World 2019 - uma mini-tour pelo Reino Unido a fim de celebrar os mais de 20 anos de sucesso das Spice Girls. Não pensei duas vezes em dar um jeitinho e garantir o meu ingresso no melhor setor do show.

Por sorte minha, a turnê começaria exatamente um ano após eu me empregar, o que significava que eu teria direito às férias. E como aproveitar ao máximo esse período após o show? Com um intercâmbio de 3 semanas para dar uma tunada na minha língua inglesa - farei um post apenas sobre o intercâmbio para dar dicas e passar mais detalhes de como rolou.

No dia 02 de junho de 2019 eu peguei um ônibus para Salvador e, após 8 horas de estrada, fui até o aeroporto para embarcar por mais 8 horas até Lisboa. Lá, aguardei 2h30 na conexão e então peguei meu último voo para Londres por mais 2 horinhas. Cheguei por volta das 17h30 (horário local) do dia 03 de junho. A imigração foi rápida e bem tranquila: me perguntaram o que eu iria fazer em Londres (respondi: ver o show das Spice Girls e estudar inglês) e por quanto tempo eu ficaria (respondi que por 1 mês). Então o oficial me pediu as documentações do curso, as analisou e carimbou meu passaporte. Foram os 2 minutos mais longos da minha vida.

Depois da imigração peguei minha mala e me senti um passarinho fora gaiola, mas eu precisava sair do aeroporto antes de mais nada. Meu plano era pegar um Ă´nibus da National Express atĂ© Coventry, cidade onde rolaria shows nos dias 03 e 04 (meu ingresso era para esse). E eu sabia que o aeroporto tem um bus station, mas o problema foi encontrá-lo. Fiquei rodando feito uma pomba gira e nada de encontrá-lo! Meu Wi-Fi nĂŁo carregava nada e o desespero já estava começando a bater. Comprei entĂŁo um SIM Card por sofridos £25 e perguntei para a moça onde que ficava, ela me explicou mas eu nĂŁo entendi nada!

Consegui me conectar com o mundo mas ainda continuava perdido. Respirei fundo e fui com calma analisando as sinalizações onde diziam estar a estação de ônibus. O único jeito era pegar um elevador até o metrô e de lá subir para a estação de ônibus. Enfim consegui descer no lugar certo, mas ainda assim não encontrava o caminho para chegar na estação rodoviária, até que um moço muito simpático perguntou se eu precisava de ajuda e me explicou que eu precisava pegar um outro elevador por ali. Quando entrei, a cabine subiu e as portas se abriram, dei de cara com o guichê da National Express e respirei aliviado. Fui comprar minha passagem de ida (eu já tinha a de retorno) e a atendente me informou que o próximo ônibus já estava de saída. Corri feito a Nazaré com o bebê no colo e consegui, finalmente, embarcar para Coventry.

Já no Ă´nibus, a minha ficha começou a cair: eu estava em Londres! Conforme eu ia passando pelas ruas da cidade, meus olhos brilhavam com tamanha formosidade. E somente naquele momento que eu consegui processar o que a moça do SIM Card me disse: "You have to take the lift to the underground e lift up to the bus station." (algo como "VocĂŞ tem que pegar o elevador para o metrĂ´ e subir para a estação de Ă´nibus."). AlĂ©m de ela ter falado rápido, eu nĂŁo tinha me ligado que lift significa elevador. E durante meus 4 primeiros dias eu estava tendo muita dificuldade para me comunicar com eles e entender o que os nativos diziam. O choque cultural faz a gente travar e demorar para processar as informações. É normal, porĂ©m angustiante.  

O que rolou em Coventry eu contarei em outra oportunidade. Mas o fato é que no dia 05 pela manhã eu embarquei de volta para Londres. Desci na Victoria Coach Station e utilizei o Google Maps para chegar até a estação de metrô. E mesmo com o mapa eu fui para o lugar errado; meio que voltei para a rodoviária por uma outra entrada. O lado bom é que eu encontrei um guichê vendendo o famoso Oyster Card, cartão que serve para pegar os transportes públicos de Londres. Recarreguei para um mês completo. De lá eu peguei o caminho para o underground

Mind the gap between the train and the plataform!

Mesmo com aplicativos me dizendo quais linhas eu deveria pegar, me perdi dentro do metrĂ´. Rodei diversas vezes, pedi ajuda 3 vezes e, quando entrei no vagĂŁo e pensei que já estava tudo bem, me enganei: desci na Clapham North, duas estações antes da Clapham South, que seria onde eu deveria descer. Depois de chegar na estação correta eu me perdi nas ruas tentando encontrar minha acomodação que reservei no Airbnb. O combinado era para eu chegar Ă s 11h mas com tudo dando errado eu sĂł cheguei lá por volta das 15h, e ainda assim a dona da casa precisou me buscar no meio do caminho. Ela estava nervosa e levei um baita esporrĂŁo. Quase chorei (rs). Mas no final ela foi compreensiva, conversamos direitinho e foi bem hospitaleira. 

Passei 5 dias nessa acomodação e preciso confessar que não me senti nada a vontade. A casa era linda e aconchegante, mas o sanitário ficava fora do banheiro; logo, já me batia aquela vergonha básica. Outro ponto é que o piso de madeira fazia aquele barulho revelador de quem diz: "Tem alguém andando pela casa". Enfim, eu não me senti confortável em ficar na casa de uma pessoa desconhecida. A experiência foi interessante e mais barata que um quarto de hotel, porém tem seus pontos negativos.

Durante esses dias eu saĂ­a sozinho por Londres ou com amigos que fiz graças ao show nas Spice. A cada novo lugar visitado era um suspiro de emoção. As casinhas e condomĂ­nios todos padronizados, os icĂ´nicos Ă´nibus vermelhos, os enormes e verdes parques pĂşblicos, as crianças com uniformes que eu sĂł via em filmes. O clima estava frio e chovia a todo momento com ventos e aguaceiros gelados; eu cheguei a pegar 9ÂşC. 

No sábado dia 08 pela manhã eu fui para a Trafalgar Square. Lá no The Mall, a grande avenida vermelha de acesso ao Buckingham Palace, aconteceria um dos eventos do ano: The Trooping of Colour, mas vou deixar para comentar sobre isso em outro momento. Contudo, pude ver de pertinho a Família Real - com direito a aceno do Príncipe Harry - e a presença da Rainha Elizabeth II.

Já no dia seguinte eu parti para a acomodação da minha escola, onde eu passaria as prĂłximas 3 semanas. NĂŁo cheguei a sair nesse dia. Apenas desarrumei minhas malas e comprei alguns lanches. Durante a noite eu estava um tanto quanto tenso, afinal, em poucas horas eu teria uma nova experiĂŞncia (inĂ­cio do curso). O sono nĂŁo chegava e eu já estava inquieto. Assisti a dois episĂłdios de Star Trek na televisĂŁo do quarto, depois mudei para o Food Network e, por sorte, começou a passar Resident Evil 3 - A Extinção, foi entĂŁo que me senti em casa e caĂ­ no sono. 

Ao longo dos dias eu irei estar contando um pouco mais sobre minhas experiências nessa cidade dos sonhos. Foram 4 semanas de muita intensidade, risadas, aprendizados, boas amizades, bebida, comida, passeios e magia. Se tiverem perguntas sobre passagens, intercâmbio, dicas do que fazer e coisas do tipo, podem ficar à vontade. Lá no meu canal do YouTube irei contar também sobre essas experiências, além de postar alguns vídeos paralelos no meu IGTV, lá no Instagram (@johpauloh).

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