Será que já topamos com serial killers?


O ano 2020 começou e eu percebi que ainda tenho vários causos que rolaram em 2019 e não os contei ou acabei contando de forma incompleta por dois simples motivos: 1) eu não sou de conversar e 2) não queria ser taxado como o chatão que só porque viajou só sabe falar sobre isso. Mas então me recordei de um verso da música "Siga em Frente", cantada pela Eliana, que diz exatamente o seguinte: "Me calar é um crime, tenho que contar o que sei. Por mais que a vida nos desanime, temos que crer que vai ficar tudo OK". Rainha faz assim mesmo, inspira e molda carácter.

Por isso resolvi voltar a ativa aqui no blog, no Instagram e espero voltar para o YouTube eventualmente. Sobre o blog, eu pretendo fazer dele um compilado de experiências pessoais que merecem ser compartilhadas, tal como esses causos que mantenho apenas em minha memória (tá feliz, Rose velha?).

Então vamos para o primeiro causo que tem me deixado pensativo por dias. Recentemente eu comecei a ler o livro Serial Killers - Louco ou Cruel e Made in Brazil, escrito por Ilana Casoy e lançado pela DarkSide Books. Ainda não terminei, mas tenho lido sobre alguns serial killers notórios. E é apresentado cada crime insano, horrendo e cruel que faz a gente ficar em estado de negação, se recusando a acreditar que tais atos realmente aconteceram e, que infelizmente, ainda acontecem à nossa volta.

A cada crime lido eu me via nas ruas de Londres. Primeiro, porque certo dia eu saí do curso de inglês com dois amigos e fomos atrás de um fast food. Quando dei por mim, estávamos na Whitechapel, que foi palco dos famosos crimes de Jack, o Estripador, em 1888. Não cheguei a entrar nas ruelas e becos do bairro, mas só de olhar eu ficava imaginando como deveria ter sido viver ali no século XIX em meio a uma onda de crimes bizarros. Segundo, porque na minha primeira semana de viagem teve uma noite em que saí para me encontrar com amigos que fiz graças as Spice Girls. Eu voltei para minha acomodação sozinho depois da meia-noite. A questão é que em Londres tudo fecha mais cedo, então por voltas das 22h já não tem mais nada funcionando. Nessa noite em específico eu saltei na estação de Clapham South e segui a pé até a casa minha host numa caminhada solitária, fria e escura por aproximadamente 15 minutos. Por ser no meio da semana não havia praticamente ninguém pelas ruas, apenas um carro ou outro que passava. Não tive muito medo, mas também não estava totalmente tranquilo. De qualquer forma, cheguei em segurança na casa.

Quando foi pela manhã, uma outra hóspede me chamou e perguntou se fui eu que havia chegado à noite sem trancar a porta. Respondi que sim - infelizmente eu dei esse molinho e na minha cabeça alguém também poderia chegar mais tarde e precisaria da porta destrancada. A moça me disse para eu não fazer mais isso, pois o bairro é perigoso e alguém poderia invadir a casa. Apesar da minha vergonha, consenti, e me lembrei daquela mesma tarde quando dei uma caminha pela rua só para conhecer a área. Ao retornar para casa eu vi uma placa em um poste avisando que aquela era uma área de risco e era preciso tomar cuidado com furtos. Ah, se eles soubessem que no Brasil a bandeira nacional é a própria placa...

Semanas depois, quando eu já estava fazendo intercâmbio, saí num rolezinho com amigos do curso em plena quarta-feira. Fomos a um pub e em seguida para uma balada que estava tendo a festa da "noite latina". Combinamos de ir porque nós brasileiros somos latinos, claro, e foi nosso amigo espanhol que montou o esquema. Chegamos lá no clube Tiger Tiger, na Piccadilly Circus - área badalada de Londres. Bebemos, dançamos horrores e nos divertimos como nunca. Mas eu e uma amiga queríamos ir para nossa acomodação, pois na quinta-feira teríamos revisão e na sexta-feira uma prova, e a gente não queria perder aula. Então por volta das 2h30 eu fui para um lado e ela para outro. O único jeito de voltar seria de ônibus e eu precisava dos app para caçar a parada, os horários e o caminho para se chegar lá. Minha bateria estava em 15% então eu precisava ser rápido. Comecei a caminhar rápido numa garoa fria e parcialmente solitária. Haviam pouquíssimas pessoas pelo caminho. Passei por ruas estreitas e bem escuras. Celular na mão acompanhando a rota. Cheguei no ponto de ônibus na Oxford Street. Foram 15 minutos de caminhada mais 15 minutos aguardando o ônibus e mais 20 minutos de viagem. Fui dormir perto das 3h30 e levantei às 6h para ir ao curso. Foi o auge!

Ah! Também tive uma aventura noturna meio tensa no dia do Spice World! Minha amiga e eu saímos do estádio e, ao invés de pegarmos o trem ou os ônibus que levariam para a estação, resolvemos caminhar eternamente em círculos para tentar encontrar a rodovia e algum ponto de ônibus. Sem sucesso. Já estava frio e chovendo. A maior parte do público já tinha partido. Estávamos sem muitas escolhas, até que encontramos a estrada principal do estádio e começamos a ficar dando sinal para cada táxi que passava. Mas eles não paravam, pois ali não era o local deles. Por sorte havia um segurança auxiliando as pessoas e ele resolveu nos ajudar. Conseguiu parar um táxi para a gente. Partimos para nossa acomodação em Coventry. Todo o caminho estava deserto!

Dito tudo isso, fico analisando o quanto me arrisquei. Na hora a gente só pensa: "É Londres, é primeiro mundo, é seguro!". Mas a Grã-bretanha está em segundo lugar na lista de países com maior índice de serial killers (segundo o livro da Ilana Casoy). É desconfortante pensar sobre o quão frágil e vulnerável nós somos, e também sobre o quão cruéis as pessoas podem ser - e estão por aí, a nossa volta, usando uma máscara para se infiltrar na sociedade. Diariamente passamos por pessoas psicopatas, chegando a conviver com elas, sem nem desconfiarmos. Mas será que, eventualmente, tá passamos por algum assassino em série na rua, no shopping, no avião? Será que já nos viram e nos consideraram como uma possível vítima e por algum motivo fomos descartados? De qualquer forma, estamos sempre dispostos a estar no lugar errado e na hora errada...

Postar um comentário

0 Comentários